(The Trial of the Chicago 7, 2020), de Aaron Sorkin. Com Eddie Redmayne, Alex Sharp, Sacha Baron Cohen, Jeremy Strong, John Carroll Lynch, Yahya Abdul-Mateen II, Mark Rylance, Joseph Gordon-Levitt, Frank Langella e Michael Keaton.

Os 7 de Chicago é um drama histórico de tribunal com viés político, que relembra um dos julgamentos mais famosos da década de 60 no Estados Unidos e não por acaso chega ao streaming em um momento bem oportuno, às vésperas da eleição presidencial norte americana.
A história se passa em 1968, quando diferentes grupos contrários a guerra do Vietnã se uniram em um grande protesto que aconteceu em Chicago no mesmo dia da Convenção Nacional Democrata. Após a situação terminar em um grande conflito entre manifestantes e policiais, com vários feridos, oito pessoas (que posteriormente se tornaram sete) foram presos e indiciados por conspiração.
O histórico julgamento é retratado em um filme de elenco estelar, comandado por Aaron Sorkin (A Rede Social), o aclamado roteirista que dirige seu segundo filme e têm o ritmo acelerado e o excesso de diálogos como principais características, o que pode incomodar alguns espectadores, mas se tornam qualidades na mão de um artista seguro do seu estilo.
O filme abre com uma introdução muito ágil, que com uma montagem inteligente costura as principais características dos indiciados, introduzindo cada um dos personagens, suas ideologias, explicando a instabilidade social do período e montando um mosaico da diversidade dos integrantes do improvável grupo que será levado a julgamento.
Sorkin é inteligente ao levar o filme direto para o julgamento, montando uma estrutura narrativa que permite ao filme flashbacks pontuais para revelar importantes informações nos momentos certos, além de tirar a história do tribunal, criando um dinamismo que torna a experiência bem agradável.
Apesar dos muitos diálogos e do ritmo acelerado, o filme nunca se torna de difícil compreensão, mantendo o discurso político em primeiro plano, sem soar demasiadamente panfletário. Sorkin ainda faz uso do humor para criar personagens carismáticos e trabalha com brilhantismo as complexas relações dentro do grupo, conseguindo criar uma sensação de coesão, ao mesmo tempo que deixa claro as divergências de ideologias e linhas de pensamento.
Tanto o carisma dos personagens, quanto a química do grupo funcionam muito pela qualidade do elenco, um cast inspirado que reúne diversos nomes famosos e em alguns casos, as características dos personagens funcionam devido a escolha dos atores.
Como é o caso do promotor interpretado pelo excelente Joseph Gordon Levitt (Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge), o bom mocismo inerente ao ator, contribui muito pra imagem que temos do personagem, deixando o posto de antagonista exclusivamente para o controverso juiz Hoffman, em uma grande atuação de Frank Langella (Frost/Nixon), mas é inegável que o texto de Sorkin pesa a mão com o personagem em diversos momentos.
Destaque para Sacha Baron Cohen (Borat) que encontra o ponto certo entre o humor e o drama em um personagem que poderia facilmente se tornar uma caricatura e para o inspirado Mark Rylance (Ponte de Espiões), que constrói a força de seu personagem nas sutilezas e na fala mansa do ator que cresce em momentos chave.
O ponto fraco do filme fica no “abandono do oitavo membro”. É dado um grande destaque a Bobby Sale, interpretado com muita competência por Yahya Abdul-Mateen II (Watchmen), mas em determinado momento o personagem é simplesmente abandonado (muito em função do andamento da história, é verdade, afinal se trata de uma história real), excluindo da história um elemento importante que vinha tendo grande destaque desde a introdução e acaba criando uma frustração por ter um desfecho tão incompatível com o restante do longa.
Os 7 de Chicago reconta um julgamento de quase 50 anos que ecoa nos dias atuais e prova o quanto ainda estamos próximos de problemas sociais, políticos e democráticos, que estão presentes não só nos Estados Unidos, mas em diversas partes do mundo. A poderosa cena final e as questões levantadas provocam a reflexão de como somos ultrapassados como sociedade, problemas antigos que se repetem e não diferem fronteiras nem culturas.
Felipe Fernandes
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